Saúde pública versus o caos instalado.

13/06/2015 20:47

Antes de discorrer sobre o assunto, precisamos entender o que é saúde pública! Vejamos:

Saúde Pública na concepção mais tradicional, é a aplicação de conhecimentos (médicos ou não), com o objetivo de organizar sistemas e serviços de saúde, atuar em fatores condicionantes e determinantes do processo saúde-doença controlando a incidência de doenças nas populações através de ações de vigilância e intervenções governamentais. Por outro lado como destaca Rosen a aplicação efetiva de tais princípios depende de elementos não-médicos principalmente de fatores econômicos e sociais.1

Em outras palavras, ao senso popular poderíamos defini-la como uma ciência que é (ou deveria ser) capaz de prevenir doenças, proporcionar uma maior longevidade, qualidade de vida, saúde física e mental, isso tudo dentro de todas as comunidades. Há ainda, um dos fatores fundamentais que interferem diretamente na saúde pública, saneamento, cuidados com o meio ambiente, controle de epidemias, educação fundamental quanto aos meios de higiene pessoal e o uma capacitação de profissionais (médicos e enfermeiros) para um efetivo atendimento e diagnóstico precoce de doenças e identificação de seus tratamentos a fim de inibir maiores proporções. Ou seja, todos os requisitos para a manutenção eficaz da saúde.  

Infelizmente é comum vermos todos os dias em jornais, televisão, revistas, noticiários o descaso que a população sofre no assunto saúde básica. Existe uma série de projetos que circundam os arredores dos pátios do poder, mas nenhum alcança a sua efetividade, e obviamente quem sofre com isso é a população que fica a mercê dos ditames da política do pão e circo.

Para os que não conseguem outra solução, infelizmente é esperar que haja um milagre ou então que seja despertado um comprometimento dos nossos governantes.

Muitas unidades de saúde, não conseguem atender a demanda sofrida, pois não há profissionais suficientes para cuidar de todos que necessitem de atendimento. E ainda, os profissionais nem sempre tem o suporte necessário como aparelhos, ferramentas, medicamentos e até mesmo leito para prestar um atendimento digno. É uma precariedade que às vezes nos denota ser surreal, porém não é!

Essa precariedade que assola não só a saúde pública, não vem de agora, acredito que seja benéfico de alguma forma para o governo manter essa crise instalada em tantos setores públicos. Existe um déficit de verbas, o que consequentemente obriga as unidades a reduzir o número de profissionais, estes por sua vez fazem malabarismo entre os casos mais graves, tendo que muitas vezes optar a quem priorizar no atendimento. Isso é mais do que lamentável, é inadmissível!  

É tão simples arrecadar tributos para diversos fins, mas qual a real dificuldade de aplicá-los com eficácia? Conveniência? Oportunidade? Desinteresse? O que sabemos que a todo instante estoura escândalos envolvendo empresas, políticos, laboratórios, fornecedores e por aí vai, a lista é realmente bem extensa.

A população precisa despertar uma consciência principalmente no período eleitoral, onde “vale tudo” para conquistar o voto do eleitor. Inclusive as promessas mais absurdas que podemos imaginar.

Ser médico atuando no serviço público hoje é um desafio diário porque a população em momento de desespero não consegue entender que eles não são culpados do caos em que estão inseridos, e ainda, muitas vezes é neles que ocorre todo o descarrego da ira e revolta dos pacientes, não só com agressões verbais como físicas.

Outro aspecto comum é o profissional sentir-se frustrado por não conseguir exercer sua profissão de forma digna e justa. E em 70% dos casos esses profissionais não recebem apoio da população. Existem ainda, aqueles que se aproveitam da caótica situação e tenta se beneficiar de alguma forma, ou não cumpre sua jornada de labor, ou atua com descaso, com falta de comprometimento e o mais grave de todas as situações, profissionais exercendo atividades para a qual não foi habilitado.

Devemos ter dois conceitos bem claros: Aprender a diferenciar os tipos de profissionais que estão espalhados por aí, dando a eles o respeito ao qual merecem. Não culpar os profissionais que realmente estão na linha de frente, pois é uma pirâmide e os maiores culpados estão no topo dessa cadeia, e pior, escolhidos por nós.

Até a próxima!  

 

1.      ROSEN, George. Política econômica e social no desenvolvimento da saúde pública. p.213 in: ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social, ensaios sobre a história da assistência médica. RJ, Graal, 1979

 

 

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